Friday, August 6, 2010

ainda sobre o consumo

Me mandaram um e-mail dizendo que discordam da minha opinião sobre pele. Não sei se passei a idéia que queria da forma correta... às vezes penso que escrevo posts longuíssimos e entediantes, logo não escrevo o que deveria e talvez as pessoas me entendam erroneamente.

Eu não fiz um post defendendo o uso de pele, muito menos um post defendendo a indústria da pele no Canadá. Eu fiz um post sobre consumo consciente e moderado.

Eu não gosto de hipocrisias e de extremismos em nenhum âmbito da minha vida; sou adepta do estilo "what you see is what you get". Minha crítica é direcionada a pessoas que fazem questão de bradar aos quatro ventos que não usam pele nem couro nem comem carne mas tampouco fazem qualquer esforço em ver que a indústria do tomate usa e abusa de pesticidas, além de abusar solenemente de seus trabalhadores. O mesmo para quase todos os legumes, frutas e verduras que você quiser pensar. E também para outras questões, em especial para roupas. Ou o algodão que você usa não é plantado em algum lugar?

Coincidentemente a De Chanel - do blog de Chanel na laje - fez um post ontem sobre a "qualidade" do consumo. Fazendo um paralelo ótimo ao voto (ainda mais agora em época de eleição), ela fala de forma muito mais elaborada como um consumo consciente pode mudar a forma como os produtos são produzidos. Infelizmente tenho que falar no meu bom economês e dizer que para toda demanda existirá uma oferta. Assim como a De Chanel eu sou partidária do capitalismo e os economistas não poderiam estar mais certos ao utilizar essa singela frase para descrever o mercado. Se ainda tiver um sujeito no mundo diposto a pagar menos por um casaco de pele, não importando de que animal essa pele venha e como ela foi obtida, existirá alguém sem escrúpulos o suficiente para fabricá-la e vendê-la.

O mesmo se aplica a qualquer coisa que você imaginar. Exemplo é o que não falta: blood diamonds (e Naomi Campbell tá aí pra mostrar que o resultado não é bom), morangos e cerejas no Brasil em pleno verão, vestidos da Primark a uma libra, apartamentos na Barra feitos com areia da praia pelo Sérgio Naya, Brasílias e Fuscas de 1976 capengas e sem porta andando pelas ruas, celulares roubados da Uruguaiana/25 de Março (ou o similar na sua cidade, já que TODA cidade tem um). Todo mundo já comprou algo que sabe que estava errado, seja ele um objeto, um serviço, uma "propina". Toda ação tem uma reação, todo ato tem uma consequência. Pode ser que no Brasil, a terra da impunidade, a consequência da maioria dos atos não seja legal, imediata e com impacto direto na vida do "infrator". Mas a consequência está por aí, espalhada pelos quatro cantos. Desigualdade social, violência, roubos, até mesmo a falta de eficiência policial e da Justiça.

Por isso recomendo sempre ler, ler, ler. Investigar mais, saber sobre o que se trata. Até porque é muito mais recompensador comprar algo que você desejou por um bom tempo, saber de onde veio, de uma certa forma se relaciona intimamente com ele. E se tiver que ser um casaco de pele, que seja. Ou um celular roubado da 25 de Março. Mas que tenhamos consciência da consequência de nossos atos.

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